Policiais forjaram confronto onde tenente do Bope morreu baleado por colega. Certificado diz que cabo recebe honra pelos ‘serviços prestados, tornando um exemplo de determinação e profissionalismo para seus superiores’.
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A viúva de Scheifer, Tássia Paschoiotto Scheifer, criticou a homenagem em postagens em redes sociais (Foto: Facebook/Reprodução)
O cabo da Polícia Militar Lucélio Gomes Jacinto, apontado em uma investigação como responsável pela morte do colega e tenente Carlos Henrique Scheifer, de 28 anos, em maio de 2017, recebeu uma homenagem de honra ao mérito entregue pela Polícia Militar de Mato Grosso.
A viúva de Scheifer, Tássia Paschoiotto Scheifer, criticou a homenagem em postagens em redes sociais. O próprio cabo postou o certificado na internet.
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Carlos Henrique Scheifer foi baleado por colega em morreu (Foto: Divulgação)
O documento, que não diz o motivo da homenagem, pontua que o cabo recebe o certificado de honra ao mérito pelos relevantes serviços prestados, tornando um exemplo de determinação e profissionalismo para seus superiores, pares e subordinados’.
A homenagem é assinada pelo subchefe do Estado Maior Geral, coronel Henrique Correia da Silva Santos.
Scheifer comandava uma operação, acompanhado de três policiais do mesmo batalhão, à procura de assaltantes de banco em Matupá, a 696 km de Cuiabá. Naquela ocasião, o tenente foi baleado e morreu enquanto era socorrido.
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Tássia Paschoiotto Scheifer e o marido, tenente Carlos Henrique Scheifer (Foto: Arquivo pessoal)
Os colegas disseram à época que Scheifer foi baleado em um suposto confronto com os ladrões, entretanto, uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar apontou que os policiais envolvidos mentiram sobre o confronto para encobrir a morte do tenente, que foi baleado pelo cabo do Bope.
“Gente, honra ao mérito para um cara que matou o meu marido. Olha, de tudo que me aconteceu até aqui, isso foi sem dúvidas o mais impressionante”, declarou a viúva.
Os três policiais que estavam com Scheifer, sendo um sargento, um cabo e um soldado do Bope, sempre afirmaram à corregedoria que a morte do colega ocorreu em um confronto com os ladrões.
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Carlos Henrique Scheifer, tenente do Bope, foi baleado e morreu (Foto: Polícia Militar de MT/ Divulgação)
Durante toda a investigação pela corregedoria, os policiais mantiveram a versão de que houve um confronto com ladrões. Porém, em julho de 2017, um exame de balística revelou que o tiro que matou Scheifer partiu da arma de outro policial.
Depois do resultado desse laudo, os policiais envolvidos mudaram a versão do que realmente ocorreu.
“Mil versões foram dadas até o momento, e nenhuma delas confirmadas, até porque é muito difícil para a segurança pública do estado desvendar esse caso. Absolutamente nada foi feito até agora”, criticou Tássia.
A corregedoria declarou, durante a investigação, que os três policiais serão indiciados por prevaricação (crime contra a administração pública) falsidade ideológica e comunicação falsa de crime. Apenas o cabo, que atirou e matou o tenente, será indiciado por homicídio.
O G1 pediu informações sobre o andamento da investigação à Polícia Militar e não havia recebido retorno até a publicação desta reportagem.